quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Moderação à Brasileira

No atual processo de secularização da Igreja, Rm 12. 1,2, antigas terminologias eclesiásticas são utilizadas para rotular os que estão envolvidos, sendo elas as três seguintes: liberais, fundamentalistas e moderados. Os que tentam secularizar a Igreja são chamados de liberais pelos resistentes. O liberalismo teológico se caracteriza por: 1) adaptar o cristianismo; 2) colocar a Bíblia como um livro contestável e de aplicação plena impossível aos nossos dias; 3) negar, em termos práticos, o estado transcendente de Deus por uma ênfase aleijada em sua imanência, estabelecendo-se um semi-panteísmo; 4) valorizar extremamente a experiência religiosa subjetiva em detrimento da fé e da obediência irrestrita à Bíblia, livro esse que é relativizado e adaptado para alcançar-se tal finalidade. Aqueles que se opõem a tais práticas são chamados de fundamentalistas, por causa da sua crênça em princípios de fé sólidos e imutáveis (porque extraídos das Santas Escrituras), os quais foram dispostos em compêndios de teologia sistemática, tais como os Símbolos de Fé de Westminster (os melhores do gênero em todos os tempos). No nosso país, como produto made in Brazil, temos aqueles que se intitulam de "moderados", ou seja, que nem são liberais, nem fundamentalistas. Aparentemente trata-se de algo bom e belo, nobre até; pois, moderado é o adjetivo que qualifica a pessoa que age prudentemente, sem exageros, comedidamente. O termo latino moderatio significa a capacidade ou virtude de permanecer na exata medida. O apóstolo Paulo recomenda aos cristãos: "Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens", Fp 4.5. A palavra grega denota o espírito magnânimo que supera ofensas, um espírito paciente. Jesus é o exemplo supremo de um moderado legítimo, 2Co 10.1. No atual contexto eclessiástico brasileiro, porém, o termo moderado ganha novos sentidos, bem diferentes dos acima dispostos, quais sejam: 1) todo aquele que não tem uma posição teológica definida e não crê em princípios absolutos é reconhecido como moderado. Filosoficamente, diríamos que, à brasileira, moderado é aquele que convictamente tem como posição não ter uma posição definida. Um exemplo bíblico disso é o povo de Israel à época do profeta Elias, 1Rs 18.21. Observe que o texto apresenta dois perfis: o de Elias claramente definido - "o Senhor é Deus"; e o do povo indeciso, claudicando entre duas posições teológicas - "o povo nada lhe respondeu". A indefinição de Israel representa o que seria o moderado do nosso contexto eclesiástico nacional prevalecente; 2) toda pessoa que age politicamente é chamada de moderado, ou seja, é aquele politicamente correto ou que tem jogo de cintura. Como não tem convicções, esse tipo de "moderado" age de acordo com a conveniência, isto é, pelo interesse ou o seu maior benefício pessoal, Sl 1.4. A sua convicção estará sempre onde o lucro for maior. Paulo repreendeu a Pedro por atitude semelhante a essa, Gl 2.11-13, e Pedro se endireitou. Para esse "moderado" a posição teológica dependerá quase sempre do emprego oferecido ou ameaçado; 3) todo aquele que foge da luta cristã é chamado de moderado. Entende-se por esse prisma que o rebanho de Deus e a sã doutrina não precisam ser defendidos. Que lástima! Entretanto, conforme a Bíblia, a fé cristã é, por natureza, confrontadora; e é dever de cada cristão pelejar pela fé, Jd 3. Cristo mostrou-nos que o verdadeiro pastor é aquele que, em benefício do rebanho, enfrenta o lobo, nem que para isso tenha que morrer. Jesus reconhece, em contraposição, que a característica definitiva do interesseiro é a covardia. Logo, aquele que foge da luta em prol do rebanho de Deus não é visto por Jesus Cristo como moderado, mas, sim, como mercenário, Jo 10.12. Fonte: Adaptado do texto de Arival Dias Casimiro.

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